O PREÇO DOS ALIMENTOS ORGÂNICOS

Gostaria de ter um retorno dos nossos amigos participantes deste blog, quanto ao preço dos alimentos orgânicos. Você acha justo que custem 3 a 4 vezes mais caros que os alimentos convencionais? É certo que os alimentos orgânicos são mais ricos em nutrientes, vitaminas, proteínas e tem o sabor característico, além de serem livres de pesticidas, no entanto, isto é suficiente razão para uma pessoa que ganha o salário mínimo deixe de pagar R$ 2,00 por um quilo de tomate convencional, para pagar R$ 12 a 14,00 o quilo de tomate orgânico? Qual seria a saída para a redução do custo do alimento orgânico? Uma delas seria melhorar a distribuição e permitir que os agricultores familiares possam vender diretamente seus produtos aos consumidores em feiras orgânicas. Da forma que está a agricultura orgânica vai chegar até todas as camadas da população? Envie sua sugestão: silvio@agrorganica.cim.br

FAÇA DO LIXO UM ADUBO ORGÂNICO

Podemos transformar o lixo em adubo orgânico. Somente os materiais orgânicos poderão ser aproveitados como composto orgânico. Os inorgânicos como plásticos, latas, vidros poderão ser reciclados. Há dois tipos de materiais orgânicos, ricos em carbono (queimam, como os capins, palhas e papeis) e orgânicos (fermentam e cheiram forte, como estercos animais e gramas e folhas verdes). A compostagem é um processo de decomposição dos materiais orgânicos de forma controlada, produzindo adubos de alta qualidade. Uma boa proporção de mistura na compostagem é 3 partes de materiais ricos com carbono (papeis e capins picados) com 1 parte de ricos em nitrogênio (grama verde, estercos animais, etc). O processo de decomposição é feito numa pilha, com camadas alternadas dos dois tipos de materiais e precisa de ter aeração (oxigênio) e umidade (sem excesso). O lixo doméstico pode ser aproveitado e produzir adubos para a nutrir plantas do jardim, hortas e vasos. Não utilizar estercos de animais domésticos, de cão e gato, porque são monogástricos e podem transmitir doenças.Temos um excelente livro sobre o assunto, que vale a pena consultar: Compostos Orgânicos e Biofertilizantes.

AGRICULTOR FAMILIAR DISPENSADO DA CERTIFICAÇÃO

Pela nova legislação orgânica, os produtores familiares estão dispensados do processo de certificação. Um produtor familiar é caracterizado por aqueles pequenos agricultores que trabalham com a família, e ocasionalmente contratam trabalhadores de fora. Geralmente 75% das atividades na unidade agrícola são feitos pela família. Nestas condições, estes produtores estão dispensados da certificação por uma auditoria, no entanto, devem pertencer a uma entidade de controle social, que possa responder pelo seu enquadramento e permanência na legislação orgânica vigente. Para se enquadrar na legislação, a sua comercialização deve ser direta para o consumidor, como em feiras orgânicas específicas, não havendo necessidade de utilizar o selo orgânico. Veja maiores informações no nosso livro: Certificação Agricola-Selo Ambiental e Orgânico.

Controle de Pragas e Doenças

Na unidade agrícola o combate às pragas e moléstias não deve ser a primeira alternativa, mesmo que tenha disponível defensivos alternativos e naturais. É necessário recuperar a saúde do solo, tornando-o vivo, mudar o ambiente com cercas-vivas, áreas de refúgios, consorciação, quebra-ventos e conservação do solo, entre outras medidas. Depois pensar em produtos que venham a fortalecer a planta, como silicatos, minerais de rocha moída, plantas fortalecedoras (como a urtiga). Em último caso, utilizar caldas fertiprotetoras em baixas dosagens (como a Sulfocálcica e Viçosa ou Bordalesa) e somente depois disso pensar em defensivos naturais, como o Nim ou extrato de fumo. Veja maiores informações em nosso livro: Defensivos Alternativos e Naturais.

Cadastro dos Produtores Orgânicos

Á partir de 01 de janeiro de 2011 passou a vigorar a Lei Orgânica no Brasil, devendo todos os produtores orgânicos estarem enquadrados na nova legislação. Todas as certificadoras devem estar credenciadas no Ministério da Agricultura e acreditadas no INMETRO. Agora para poder vender seu produto como orgânicos, todos os produtores devem estar inscritos como orgânicos, no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, do Ministério da Agricultura. Há três formas de obter a conformidade orgânica: a) Certificação por Auditoria por uma certificadora independe. b) Certificação Participativa, feito por uma entidade associativa, que represente as entidades regionais e c) Agricultor Familiar, que esteja ligado a uma entidade de controle social. Caso tenha interesse em maiores informações, escrevemos um livro completo sobre o assunto: Certificação Agricola- Selo Ambiental e Orgânico.

COMO FAZER A MISTURA DE RESÍDUOS NA COMPOSTAGEM

Para o aproveitamento dos resíduos para preparar um composto de volumosos, temos que calcular a quantidade de cada componente.No projeto de compostagem cada um dos itens tem um percentual definido, devendo ser bem balanceados. Coloca-se em torno de 60 a 80% de volumosos, 20 a 40% de nutrientes (esterco de galinha 20%, cama de frango 30% e curral 40%), mais inoculantes e água. Misturam-se três a cinco partes de material rico em carbono ou seja palhas, capins, folhas, etc. para uma (uma) parte de material rico em nitrogênio (estercos, materiais verdes ricos em nitrogênio e outros)

USO DE RESÍDUOS NA PRODUÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

O composto pode ser formado por estercos animais, misturados com palhas, capins e outros resíduos orgânicos. Outro material aproveitável são os resíduos orgânicos resultantes do lixo domiciliar, como verduras, legumes, etc. na forma de cascas, folhas, talhos, bulbos, etc. Também podem ser aproveitadas as cascas de ovos, cinzas, borra de café, aparas de grama, restos de jardins e galhos triturados. Não devem ser misturados para a compostagem alimentos cozidos, restos de alimentos temperados, como saladas, óleos e gorduras, molhos e restos de carnes.
Os resíduos ricos em carbono devem ser misturados ao esterco animal, rico em nitrogênio. Dependendo da qualidade do esterco, a proporção de mistura pode ser de três partes de material fibroso (resíduos orgânicos) para uma parte de esterco.

USO DE INOCULANTES NA COMPOSTAGEM

Os microrganismos são os responsáveis pelo desenvolvimento do processo de compostagem, pois transformam a matéria orgânica dentro dos seus próprios organismos, em processo metabólico, naquilo que constitui húmus puro. A compostagem é uma seqüência de ações de microrganismos sobre a matéria orgânica, que compreende uma primeira etapa de ação exclusiva dos microorganismos (fungos, bactérias e actinomicetos) e a segunda etapa, que inclui também macrorganismos (insetos e outros organismos vivos).
Estes organismos fazem a decomposição em fases distintas, para obter a bioestabilização do composto (material grosseiro) e a humificação do composto (material na forma de húmus).
Para otimizar o processo de compostagem é recomendável inocular o composto com microorganismos favoráveis. E isto pode ser feito sem haver a necessidade de comprar qualquer inoculante, basta tirar uma porção de solo orgânico. Esta porção será polvilhada por cima das camadas durante a confecção da pilha. Depois de feita as primeiras pilhas, as próximas, receberão ao invés da terra uma porção de composto (inoculante).

Rotação de Culturas

Rotação de culturas é uma das principais técnicas na agroecologia. Isto significa que na área de plantio de cultivos anuais ou canteiro de hortaliças, após a colheita deve haver troca de cultivos, com uma seqüência no local de hortaliças de famílias diferentes. Deve-se manter a área sempre com cultivos comerciais ou adubos verdes, pois o pousio ou descanso com ervas nativas provoca maior disseminação dessas ervas, afetando novos plantios.
A rotação de culturas é fundamental para reduzir o potencial de infecção de doenças e ataque de insetos nocivos. Um solo adequado é aquele que tem boa aeração, podendo ser trabalhado com plantio de leguminosas que possuem sistema radicular forte, como mucunas, crotalárias e outras. Para o sucesso da rotação de culturas é fundamental conhecer a afinidade entre as diferentes plantas, pois plantas antagônicas afetam o desenvolvimento e produção das culturas.

Consorciação - Uma prática recomendável

Consorciar significa plantar uma espécie de hortaliça e instalar outra hortaliça ou uma planta de adubo verde nas entrelinhas (no meio, entre duas linhas da hortaliça). Em hortaliças: A adubação verde, especialmente com o emprego de leguminosas, em pré-plantio ou consorciadas com as hortaliças tem reconhecido valor para estas culturas. Além do fornecimento de nitrogênio, via fixação biológica, as leguminosas de porte erecto podem também acelerar o desenvolvimento vegetativo de culturas consorciadas por efeito do sombreamento.
Há trabalhos de pesquisa de campo, como de César (2006), que demonstram a vantagem do plantio consorciado do pimentão com adubos verdes. A Crotalária juncea, foi semeada nas entrelinhas do pimentão (no outono) em carreiras duplas espaçadas de 0,30 m entre si, na densidade de 30 sementes por metro linear de sulco, sete dias antes do transplantio do pimentão.
As linhas centrais ou interiores foram cortadas rente ao nível do solo, 27 dias após o transplantio do pimentão, sendo o corte das restantes efetuado aos 45 dias depois do transplante. Foi verificado que houve vantagens agronômicas para a cultura do pimentão com cobertura do solo, retenção da umidade e redução da infestação de ervas invasoras.