COMO FAZER A MISTURA DE RESÍDUOS NA COMPOSTAGEM

Para o aproveitamento dos resíduos para preparar um composto de volumosos, temos que calcular a quantidade de cada componente.No projeto de compostagem cada um dos itens tem um percentual definido, devendo ser bem balanceados. Coloca-se em torno de 60 a 80% de volumosos, 20 a 40% de nutrientes (esterco de galinha 20%, cama de frango 30% e curral 40%), mais inoculantes e água. Misturam-se três a cinco partes de material rico em carbono ou seja palhas, capins, folhas, etc. para uma (uma) parte de material rico em nitrogênio (estercos, materiais verdes ricos em nitrogênio e outros)

USO DE RESÍDUOS NA PRODUÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

O composto pode ser formado por estercos animais, misturados com palhas, capins e outros resíduos orgânicos. Outro material aproveitável são os resíduos orgânicos resultantes do lixo domiciliar, como verduras, legumes, etc. na forma de cascas, folhas, talhos, bulbos, etc. Também podem ser aproveitadas as cascas de ovos, cinzas, borra de café, aparas de grama, restos de jardins e galhos triturados. Não devem ser misturados para a compostagem alimentos cozidos, restos de alimentos temperados, como saladas, óleos e gorduras, molhos e restos de carnes.
Os resíduos ricos em carbono devem ser misturados ao esterco animal, rico em nitrogênio. Dependendo da qualidade do esterco, a proporção de mistura pode ser de três partes de material fibroso (resíduos orgânicos) para uma parte de esterco.

USO DE INOCULANTES NA COMPOSTAGEM

Os microrganismos são os responsáveis pelo desenvolvimento do processo de compostagem, pois transformam a matéria orgânica dentro dos seus próprios organismos, em processo metabólico, naquilo que constitui húmus puro. A compostagem é uma seqüência de ações de microrganismos sobre a matéria orgânica, que compreende uma primeira etapa de ação exclusiva dos microorganismos (fungos, bactérias e actinomicetos) e a segunda etapa, que inclui também macrorganismos (insetos e outros organismos vivos).
Estes organismos fazem a decomposição em fases distintas, para obter a bioestabilização do composto (material grosseiro) e a humificação do composto (material na forma de húmus).
Para otimizar o processo de compostagem é recomendável inocular o composto com microorganismos favoráveis. E isto pode ser feito sem haver a necessidade de comprar qualquer inoculante, basta tirar uma porção de solo orgânico. Esta porção será polvilhada por cima das camadas durante a confecção da pilha. Depois de feita as primeiras pilhas, as próximas, receberão ao invés da terra uma porção de composto (inoculante).

Rotação de Culturas

Rotação de culturas é uma das principais técnicas na agroecologia. Isto significa que na área de plantio de cultivos anuais ou canteiro de hortaliças, após a colheita deve haver troca de cultivos, com uma seqüência no local de hortaliças de famílias diferentes. Deve-se manter a área sempre com cultivos comerciais ou adubos verdes, pois o pousio ou descanso com ervas nativas provoca maior disseminação dessas ervas, afetando novos plantios.
A rotação de culturas é fundamental para reduzir o potencial de infecção de doenças e ataque de insetos nocivos. Um solo adequado é aquele que tem boa aeração, podendo ser trabalhado com plantio de leguminosas que possuem sistema radicular forte, como mucunas, crotalárias e outras. Para o sucesso da rotação de culturas é fundamental conhecer a afinidade entre as diferentes plantas, pois plantas antagônicas afetam o desenvolvimento e produção das culturas.

Consorciação - Uma prática recomendável

Consorciar significa plantar uma espécie de hortaliça e instalar outra hortaliça ou uma planta de adubo verde nas entrelinhas (no meio, entre duas linhas da hortaliça). Em hortaliças: A adubação verde, especialmente com o emprego de leguminosas, em pré-plantio ou consorciadas com as hortaliças tem reconhecido valor para estas culturas. Além do fornecimento de nitrogênio, via fixação biológica, as leguminosas de porte erecto podem também acelerar o desenvolvimento vegetativo de culturas consorciadas por efeito do sombreamento.
Há trabalhos de pesquisa de campo, como de César (2006), que demonstram a vantagem do plantio consorciado do pimentão com adubos verdes. A Crotalária juncea, foi semeada nas entrelinhas do pimentão (no outono) em carreiras duplas espaçadas de 0,30 m entre si, na densidade de 30 sementes por metro linear de sulco, sete dias antes do transplantio do pimentão.
As linhas centrais ou interiores foram cortadas rente ao nível do solo, 27 dias após o transplantio do pimentão, sendo o corte das restantes efetuado aos 45 dias depois do transplante. Foi verificado que houve vantagens agronômicas para a cultura do pimentão com cobertura do solo, retenção da umidade e redução da infestação de ervas invasoras.

Ostra em pó no controle natural

Pó fino obtido da moagem de conchas/valvas de ostra e/ou marisco/ calcário de conchas. Obtenção: casa de produtos agrícolas. Um mês após o pegamento, coloca-se 25 a 50 gramas de pó de ostra no “miolo” do morangueiro. Indicações: Controle de micosferela, antracnose (“chocolate”), formiga lavapé, pulgões do morango. Além de controlar estas pragas e doenças, a ostra em pó fornece cálcio, funcionando como uma calagem localizada (com mais de 40% de Cálcio solúvel em água) e micronutrientes. É um recurso natural renovável. Modo de ação: repelente de formigas lavapés (Solenopis saevissima).

O uso do Fosfito de Potássio

O fosfito de potássio foi desenvolvido para fornecer fósforo (íons fosfito) e potássio em alta concentração para nutrição das plantas. Observou-se que as plantas bem nutridas com estes elementos tornam-se mais resistentes às doenças, pragas, secas e geadas.
O primeiro teste com Fosfito de Potássio ocorreu em 1983, na Austrália, quando se descobriu que a aplicação do produto controlou Phytophtora cinamommi, fungo que ataca a raiz do abacateiro. Na época, obteve-se um resultado amplamente positivo. Os fosfitos são compostos originados da neutralização do ácido fosforoso (H3PO3) por uma base (hidróxido de sódio, hidróxido de potássio ou hidróxido de amônio). O produto formado, íons fosfitos, possui alta solubilidade e, portanto absorvido pelas folhas, tecido lenhoso e raízes com maior rapidez se comparado aos íons fosfatos (derivado do Ácido Fosfórico).A vantagem da formulação em Fosfito se deve a sua estrutura molecular que apresenta um átomo de oxigênio a menos (PO3), tornando-se mais assimilável pelas plantas através das membranas. Além disso, possui deslocamento mais rápido dentro da planta. No comércio podem ser encontrados produtos formulados a partir do Ácido fosforoso (H3P03-), os quais reagem com fonte especial de Potássio produzindo fosfito de potássio.

A correção dos solos na agricultura orgânica

A correção do solo, consiste na incorporação no solo, de cálcio, fósforo, magnésio, enxofre e outros, em vista da deficiência destes nutrientes deve ser determinada na análise de solo.
No sistema agroecológico o objetivo da incorporação da correção ou calagem do solo é buscar o equilíbrio dos nutrientes no solo. Somente deverá ser realizada a correção da acidez do solo desde que comprovada a sua necessidade por análise do solo, considerando que a adição de matéria orgânica ao solo promove, em longo prazo, a redução de sua acidez.
Normalmente os corretivos de solo são necessários para iniciar o processo de agricultura orgânica em muitos tipos de solo. Posteriormente, quando as condições de equilíbrio do solo, com a utilização de matéria orgânica, adubação orgânica, incorporação de adubos verdes e o manejo do solo, os teores de cálcio e magnésio vão se adequando, e praticamente não é necessário o emprego de corretivos minerais.
Quando for necessária a fosfatagem do terreno, a aplicação de calcário é feita posteriormente, um mês após a fosfatagem.

Controle de pragas com os adubos verdes

Efeito sobre doenças e pragas: A cobertura exerce grande efeito sobre a microflora e microfauna que residem no solo. Pode ter efeito significativo sobre decréscimo ou aumento de incidência ou severidade de doenças em plantas.

Promove desenvolvimento de toda flora e vegetais inferiores que exercem papel importante na sustentabilidade e manutenção da vida no solo. Este equilíbrio é fundamental para sobrevivência de micro e macroorganismos.

Como exemplo, o uso de cobertura morta ou "mulch" no feijoeiro constitui excelente medida de controle de Rhizoctonia, evitando ou reduzindo o salpicamento de inóculo presente no solo, via água de irrigação ou chuva, para órgãos sadios da planta.

Trabalhos utilizando diferentes tipos de coberturas, tais como palha de arroz, em cultura de feijoeiro constatou-se significativa redução na incidência de Rhizoctonia solani e conseqüente aumento na produção. Foi verificado que no emprego de cobertura com matéria orgânica, o pH do solo tem influência positiva sobre a microflora antagonista aos diversos fungos de solos.

Existem relatos de que a adição de organismos antagonistas, como por exemplo, fungos Trichoderma spp. e Gliocladium spp. em compostos orgânicos, pode ter grande potencial no controle de doenças de plantas, atuando como controle biológico de patógenos de solo. Pesquisas demonstram que a cobertura de palha na cultura do morango é eficiente no controle de Phytophthora cactorium agente causal da doença de raiz, chegando a índices de 95-99% de controle.
A cobertura do solo com matéria orgânica poderá ser utilizada para outros fins, como para melhorar o habitat de ninfas de Myndus crudus, uma vez que a cobertura lhe serve como abrigo

Adubos verdes são importantes para os solos

Adubo verde é o termo empregado para designar plantas utilizadas para recuperar e melhorar as características do solo. O adubo verde pode ser utilizado para promover a cobertura viva e morta do terreno, assim como para a produção de fitomassa. Biomassa vegetal compreende toda matéria orgânica que pode ser aproveitada, seja de adubo verde ou restos de culturas, que poderá ser aproveitado, com diferentes objetivos.

O adubo verde tem efeito melhorador do solo, pois favorece a sua estruturação, quantidade de nutrientes e conservação, isto é, é uma garantia da melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo. É utilizado para a preservação ambiental, reduzir o emprego de insumos fertilizantes, apoiar a produção de alimentos, como hortaliças de cultivos anuais e sustentar fruteiras agrícolas.
Os adubos verdes constituem a melhor alternativa para a produção de biomassa vegetal. Com ela poderá ser deixado sobre o solo para recuperá-lo, protegê-lo ou ser utilizado para a produção de compostos orgânicos.
Deve-se estimular o plantio de adubos verdes e plantas ricas em carbono (gramíneas) para produção de biomassa, mantendo a atividade microbiana do solo e aumentando a capacidade de retenção de água e nutrientes. Na rotação de culturas ou intervalo entre os plantios, utilizar de preferência uma mistura de adubos verdes, com plantas leguminosas e gramíneas, para melhorar a fertilidade, estrutura e erradicação de pragas e patógenos.

A importância da Matéria Orgânica

Conforme sua própria denominação e princípios, a agricultura orgânica, emprega os nutrientes na forma orgânica. O objetivo é que o produtor regenere o solo com matéria orgânica, de forma que o mesmo solo vivo, forneça os nutrientes necessários para as plantas, sem necessidade de contínuas incorporações, como ocorre na agricultura convencional.
A matéria orgânica presente nos solos é formada por restos animais e vegetais em diferentes fases de decomposição, decomposição esta realizada pelos organismos decompositores – a micro e mesovida do solo – fungos, bactérias, minhocas, cupins, etc. Portanto, a matéria orgânica é o alimento da vida do solo e como ela está em constante decomposição, nós precisamos também repô-la com frequência. Durante a decomposição são liberados nutrientes, água e gás carbônico, e são formadas outras substâncias orgânicas entre as quais o húmus, que além de funcionar como cimento na formação dos agregados de areia-silte-argila, tem também a mesma capacidade da argila de atrair e reter nutrientes, só que em grau muito mais elevado.

A matéria orgânica tem a capacidade de reter duas a três vezes maior o seu volume a água, que será fornecido para as plantas e para a vida de toda flora e fauna presente no solo, assim como manter a sua temperatura em condições adequadas à vida. Além dos nutrientes encontrados nos adubos orgânicos, as plantas podem absorver grandes quantidades de moléculas orgânicas como: aminoácidos, proteinas, enzimas, vitaminas, antibióticos naturais, alcalóides, etc. Estes produtos promovem uma maior vitalidade e resistência das planta, sendo resultados da atividade biológica do solo e da decomposição da matéria orgânica.
As plantas cultivadas em solos adubados com matéria orgânica são mais resistentes às pragas e às doenças por dois motivos principais: estão nutricionalmente equilibradas porque recebem todos os nutrientes que necessitam, tanto macro como micronutrientes, sem falta nem excesso; a atividade biológica produz diversas outras substâncias, inclusive antibióticos, que protegem as plantas dos microorganismos que causam doenças.

A adubação na agricultura ecológica

Na agricultura ecológica e orgânica a adubação mineral é a complementação da orgânica. É considerado que um solo rico em matéria orgânica é capaz de transformar os minerais existentes em formas assimiláveis pelas plantas.
Para determinar quantidade dos nutrientes a ser aplicado, principalmente o nitrogênio deve ser considerando vários fatores: a fertilidade do solo, o teor de matéria orgânica, a época do cultivo (condições climáticas: temperatura e umidade) e o estado sanitário. Por estas razões, devem ser feitas a análise do solo, análise foliar e solicitada a orientação agronômica.
Os fertilizantes minerais somente deverão ser usados, desde que comprovada a necessidade de uso, num programa que atenda a correção da fertilidade em longo prazo, juntamente com outras técnicas tais como adição de matéria orgânica, manejo de adubos verdes, rotações de culturas e fixação de nitrogênio pelas plantas.
É recomendado no sistema orgânico, que os fertilizantes minerais devam ser aplicados na forma natural, podendo sofrer tratamento físico, não devendo ser aplicadas fórmulas solúveis e nem fertilizantes submetidos a tratamento químico. Os adubos minerais não sintéticos e os fertilizantes biológicos produzidos fora da unidade de produção (de origem conhecida) devem ser considerados suplementares e não como fonte de reposição de nutrientes.